Existem gentílicos brasileiros curiosos.
Há indivíduos designados de maneira estranha, concernente ao local de
nascimento. Deveria ser simples assim: sujeito nascido em São Paulo tem por
gentílico ser paulista, em Minas Gerais mineiro, no Paraná paranaense e assim
por diante com toda a naturalidade. No entanto há gentílicos muitos originais,
merecedores de atenção. Exemplos:
Quem nasce na cidade de Salvador,
capital baiana, poderia ter como gentílico, por exemplo, salvadorenho ou, coisa
parecida. Nada disso. Quem nasce em Salvador é chamado de soteropolitano. Explica-se:
Salvador se transforma em Soterópolis que vem de soter (salvador), mais polis
(cidade). O nome tem sem sua denominação derivada da cultura grega, do povo
heleno: soter e polis. Para não complicar pode se chamar o baiano nascido em
Salvador de salvadorense.
Nascido na cidade do Rio de Janeiro
teria naturalmente como gentílico rio de janeirense como rio-grandense. Nada
disso. Nascido na cidade do Rio de Janeiro é ser carioca que vem do tupi e
significa “casa de branco”. Perguntar é permitido. Será que já existia índio
preconceituoso, racista?
Importante registrar uma diferença.
Nascido no estado do Rio de Janeiro é fluminense, que vem do latim “flumine”
mais o sufixo “ense” (natural).
O gentílico do nascido no Rio Grande
do Norte naturalmente deveria ser norte-rio-grandense, no entanto é conhecido
como potiguar. Potiguar era o nome de uma nação índia que povoava a região
litorânea do estado.
Nascido no Rio Grande do Sul teria
como gentílico rio-grandense-do-sul. Deveria ser, não é. É ser gaúcho e por
quê? Todos os indivíduos que tem como atividade principal a pecuária em campos
naturais, do bioma denominado pampa, da região abrangente pelos rios que
desembocam no estuário do Rio da Prata, do sul da América do Sul em países como
Argentina, Uruguaia e o estado do Rio Grande do Sul. É um povo descendente de
uma mistura heterogênea de europeus, índios e africanos. Ser gaúcho designava
as pessoas de hábitos nômades, brancos miseráveis, índios aculturados sem
terra, escravos fugidos em busca de proteção. Foi a partir dessa simbolização,
que foi usada pejorativamente para denominar os habitantes do Rio Grande do Sul
na época dos imperialistas durante a Guerra Farroupilha, que tinha como
objetivo menosprezá-los. No entanto,
depois da proclamação da República o gentílico gaúcho passou a ser usado com
muito orgulho por todos os rio-grandenses-do-sul.
Puristas dos gentílicos afirmam que
está redondamente errado a pretensão da população do Rio Grande do Sul em
chamar-se de gaúcha. Nascidos no estado de Santa Catarina são catarinenses, os
nascidos em Pernambuco são pernambucanos. Quem nasce no estado Rio Grande do
Sul é rio-grandense–do–sul. Explicam: nunca gaúcho, não existe estado gaúcho.
Na verdade não existe preconceito com a gauchada. Os puristas não aceitam
gentílicos como capixabas nascidos no Espirito Santo, xavantes originários do
Mato Grosso.
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