Gerações de
brasileiros sempre ouviram no passar do tempo a exclamação, o brado esperançoso
de progresso, o tempo que há de vir promissor: “Brasil, país do futuro”.
Até hoje,
desde o Brasil colônia, do império, das ditaduras, das republicas novas e
velhas, aquela disposição de espírito dos brasileiros que induz a esperar a
realização, ter a expectativa da coisa prometida virou lamuria.
Lamentavelmente
fica tudo perdido nos descaminhos da política nacional. Políticos,
parlamentares salafrários, empresários patifes, formam um conluio determinado
pela canalhice. Por tantos desmandos, de falcatruas e corrupções, o país do
futuro ficará sempre no passado, vivendo um presente de muitos anos, de passagem
para o futuro desejado, prometido que pelas circunstâncias do passado e
presente inexistirá.
País do
futuro já se pensava ao final dos anos de 1970, que é passado, foi presente de
uma época e é o presente de agora. Nada mudou. O futuro ficou naquele presente
de crise, de dificuldades. A música de Renato Russo “ Que país é esse”, gravada
pela banda Legião Urbana, tinha profundo sentido crítico retratando as mazelas
daqueles momentos, nada diferentes de hoje:
“Nas
favelas, no senado
Surpresa por
todo o lado
Ninguém
respeita a constituição
Mas todos
acreditam no futuro da nação
Que país é
esse?
Terceiro
mundo se foi
Piada no
exterior
Mas o Brasil
vai ficar rico
Vamos
faturar um milhão
Quando
vendermos todas as almas
Dos nossos
irmãos num leilão
Que país é
esse?
Década de
1980. A banda Biquíni Cavadão, grava a música Zé Ninguém, reproduz a imagem,
representa com exatidão a caótica situação política e econômica de um momento
que ficou no passado, nada diferente da existência dos fatos do presente.
“Quem disse
que amar é sofrer?
Quem foi que
disse que Deus é brasileiro?
Que existe
ORDEM E PROGRESSO
Enquanto a
zona corre solta no Congresso
Quem disse
que a Justiça tarda mas não falha
Os dias
passam lentos
Aos meses seguem os aumentos
Cada dia eu
levo um tiro, que sai pela culatra
Eu não sou
um monstro, eu não sou um magnata
Eu sou do
povo, eu sou um Zé Ninguém
Aqui embaixo
as leis são diferentes
Quem foi que
disse que os homens são iguais
Quem foi que
disse que dinheiro não trás felicidade
Se tudo
acaba em samba
No país da
corda bamba, querem me derrubar
Eu sou do
povo, eu sou um Zé Ninguém”
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