quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Quem viveu em Nova Vicenza


Jornal “O Farroupilha”, na edição de 9/12/1988, quando das comemorações dos 54 anos de emancipação do município, publicou uma reportagem cujo conteúdo foram entrevistas com três figuras históricas que viveram o processo emancipatório, testemunhas oculares da data magna farroupilhense - independência do município – que presenciaram a histórica efeméride, a transição da antiga vila Nova Vicenza para o novo município de Farroupilha.
O médico Jayme Rossler, prefeito no quatriênio (1951/1955) não participou ativamente do processo de criação do município. Nos primórdios da rebelião colonial era um estudante de medicina, porém seu sogro (Faustino Gomes) foi um dos líderes do movimento. Ele se lembra daquele tempo quando percebia-se o vertiginoso desenvolvimento da vila, principalmente pelo comércio envolvendo o turismo, principalmente em época de veraneio em Desvio Blauth e na casa do Mate (na cidade). Por tudo isso havia imensa euforia pela autonomia, emancipar-se do domínio caxiense.
Segundo personagem entrevistado, comerciante Germano Pessin, fez um trágico depoimento. Ano da emancipação 1934. Uma festa acontecia quanto uma confusão teve desfecho numa tragédia. O pai de Germano, Augusto Pessin, um dos pioneiros na região, tempo de colonização, foi a primeira vítima da violência, de um crime de morte, esfaqueado por um desafeto, no recente criado município.
O terceiro protagonista na entrevista foi o dentista Edmundo Hilgert e eventualmente juiz de paz substituto. O senhor Hilgert narra episódios que mais parece “causos”. Na época da emancipação estava em substituição ao juiz efetivo. Em razão de sua função não poderia participar do movimento rebelde.
Caxias do Sul, em termos de política tinha muita força política junto ao governo estadual e fazia uso dela para não perder o promissor e desenvolvido segundo distrito, excelente fonte de arrecadação. Em certa ocasião, narra o dentista e eventual juiz, o interventor e governador do Estado general Flores da Cunha, em campanha eleitoral para o governo do Estado na eleição de 1935, em direção à Caxias do Sul, viajando de trem em vagão especial, sabendo de sua passagem por aqui a população aglomerou-se na estação ferroviária de Nova Vicenza. O trem parou, Flores da Cunha, saudou a população – claro pedindo votos - e prometeu a emancipação, o que ocorreu por decreto, ainda em 1934, quando reassumiu o governo do estado (estava licenciado pela campanha).
Na campanha, naquele trem, afirma Hilgert, havia dois escrivães acompanhando o candidato elaborando uma lista de nomes com todos aqueles que concordavam com a emancipação. Havia uma corrente muito forte contra a emancipação, liderada pelo dono do hospital local, o caxiense Dionísio Cibelli, que tinha muitas regalias junto ao poder político caxiense. Como a maioria da população era a favor da emancipação estava na lista, inclusive assinaturas de quem trabalhava para Cibelli. Ao que parece não foi bem assim: um funcionário do hospital negou que aquela assinatura contida na lista não era sua, era falsificada. Hilgert, não condição de juiz substituto, junto com os dois escrivães, procurou o sujeito para que confirmasse a negação. Ele confirmou. Diante disso, na condição de juiz, teve que verificar se as assinaturas, calculadas em aproximadamente 500, eram verídicas. Junto com os escrivães, com carro pago pelo povo, percorrendo até o interior, com a colaboração da população, as assinaturas foram legitimadas. Assim, a lista foi para Porto Alegre aprovada pelo general Flores da Cunha e consequentemente a emancipação.





Hinos e canções


Recentemente comemorou-se mais um aniversário da Proclamação da República. Por mera curiosidade, na ocasião desejei saber detalhes da proclamação republicana, por exemplo, a letra do hino comemorando a efeméride. Os hinos são composições musicais em louvor ou adoração, que marcam acontecimentos memoráveis, exaltam as tradições e virtudes de um povo, enaltecem o deslumbre pelos atos heroicos, revelam a identidade patriótica de um país. O hino pode ser composto dignificando uma personalidade, homenageando um clube desportivo, honrando uma divindade. Assim, o hino tem um cunho diversificado, que pode ser significativo ao patriotismo, ao social e ao religioso. Há hinos com letras requintadas, poéticas, outras nem tanto, algumas bravas, outras de conotação enfurecida, como a Marselhesa.
Musicalmente os hinos tem som agudo, ressoando com fortes vibrações.
O hino da Proclamação da República é complicado em sua interpretação, de difícil entendimento por sua letra, confuso, de rebuscado vocabulário. Inicia assim: “Seja um pálio de luz desdobrado; sob a larga amplidão desses céus”; “este canto rebel que o passado vem remir dos mais torpes labéus”. No hino ressalte-se o refrão libertário: Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós! Das lutas na tempestade, dá que ouçamos tua voz”.
O hino à bandeira do Brasil tem léxico também  de difícil compreensão: “Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz. Tua nobre presença a lembrança. A grandeza da pátria nos traz”.
Na tradição nacionalista para glorificar passado histórico, como a Independência do Brasil, mais um cântico, mais um estilo de primor, pelo esmero na linguagem: “Os grilhões que nos formava; da perfídia astuto ardil; houve mão mais poderosa, zombou deles o Brasil”.
Canção do Expedicionário, homenageando participação de soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na II Guerra Mundial. Desta feita, letra simples, impregnada pela poesia. “Você sabe de onde eu venho? Venho da choupana onde um é pouco, dois é bom, três é demais; venho das praias sedosas, das montanhas alterosas, do pampa, do seringal.
Inesquecível, tempo da minha adolescência. Igreja Divino Salvador, da congregação dos padres Salvatorianos, bairro Piedade (RJ). Missa dominical horário de 8h30min. Entre o átrio e o altar, a grande nave ocupada do lado direito pelas moças, as Filhas de Maria, com vestuário composto de vestido branco, entrelaçado por uma faixa azul. No lado esquerdo os Marianos, rapazes de terno, engravatados. O grupo uníssono, com voz vibrante, entoava: “Queremos Deus, homens ingratos, ao pai supremo ao redentor, zombam da fé os insensatos, erguem-se em vão contra o Senhor... queremos Deus que é o nosso rei, queremos Deus que é nosso pai”. Cântico harmonioso, de acordo com a realidade cristã brasileira.
Há exceções, os hinos de verdadeira glorificação, incontestáveis por seus adeptos, menosprezados por adversários: “Até a pé nós iremos para o que der e vier, mas o certo é que estaremos com o Grêmio, onde o Grêmio estiver”. Outros cantam: “Glória do desporto nacional, oh Internacional, que eu vivo a exaltar, levas as plagas distantes, feitos relevantes, vives a brilhar”

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Nudez e Nudes


Momentos de intolerância provocados por uma parcela da sociedade conservadora. Existe, já algum tempo, um comportamento de repulsa, de ignorância cultural, proporcionado por agentes da direita reacionária, agindo de forma radical, originando indesejável patrulhamento ideológico e moralista. Críticas morais são descabidas e contundentes, com argumentos destituídos da razão, do senso comum, enfim, um conjunto de disparates que tem como motivo final fomentar belicosa situação entre as pessoas. Supostos doutos, hipotéticos doutrinadores moralistas, apologistas da indecência, depravação e perversão, em detrimento de valores, aqui, no caso especifico, artísticos, carregados de preconceito e puritanismo, perdidos no anacronismo com argumentos arcaicos do pensamento obsoleto, propagam a decadência dos princípios e preceitos da moral.
Esse conjunto de palavras exposto, essa contextualização refere-se as   exposições artísticas em que figuras humanas protagonizam a nudez.
Retrógrados pensamentos, ações desvairadas, impõem o fechamento de exposições, proíbem e frustram as crianças de aprenderem, as privam do conhecimento humano.
A democracia determina, a liberdade de expressão dá direito à arte, a criatividade e a diversidade, o acesso à cultura, em pinturas, gravuras, fotografias, enfim, todas as formas de expressão.
O inusitado, o surreal é de que muitos intolerantes, insensíveis a arte, fazem comentários desairosos, justificam com hipócrita retórica as críticas sem fundamentos nos argumentos, simplesmente por não visitarem as exposições. Bestiários críticos sem conhecimento de causa.
Estranhamente, nesse momento de conservadorismo, principalmente por parte de cristões, as discutidas exposições foram baseadas, criadas na iconografia cristã. Há pecado quando exultamos a nudez artística? Trata-se de um sacrilégio, imagens ditas pecaminosas em santuários?
O nu, afirma-se, é parte fundamental da arte e da expressão humana.
Pinturas religiosas fazem de parte de coletâneas artísticas como as obras Perseu de Antônio Canova no museu do Vaticano, Davi de Michelângelo em Florença, Criação de Adão, o afresco do Juízo Final na Capela Sistina, São João Batista de Caravaggio. São simbolismos e representações na criação humana, algumas enigmáticas que motivam reflexões, mas enfim admiradas pela beleza artística de qualquer forma.
A maledicência, as pessoas intolerantes, do atraso cultural, as históricas e monumentais criações da antiguidade não passam de um atentado a moral.  
Assim caminha a humanidade. Fazendo parte desse caminho gente de pensamento antiquado. Percorrendo trajetos, nas andanças da vida, encontra-se grupo de pessoas de ideias ultrapassadas.
                                                            *** ***
Estudantes por uma atitude discriminatória, foram proibidos de visitarem uma exposição intitulada Santificado do artista Rafael Dambros, em Caxias do Sul. Lhes foi negado o aprendizado, a informação cultural.
A decisão preconceituosa tomada pela devida autoridade, foi iniciativa, exigência dos pais de alunos que sentiram-se ofendidos com a “pouca vergonha” exposta. Nenhum deles certamente nem chegou a ver a exposição, mas como ouviram falar da “descarada safadeza” é tirado o direito dos filhos de ver.
Registro: 24,7% das crianças estão conectadas na internet. Os pais sabem em que elas estão ligadas? Muitas provavelmente vendo fotos de nudes, (aqui sim, com “S”), da gíria na internet “manda nudes”.




terça-feira, 27 de novembro de 2018

Golpes de Estado republicanos


Golpes, golpes de Estado, conta história republicana brasileira, oportunamente lembrados pela passagem do dia 15 de novembro, Proclamação da República.
O mais recente ocorrido, teve como protagonista a ex-presidente Dilma Rousseff, ela sentindo-se golpeada. A história toda contada é de conhecimento público. Na verdade Dilma foi defenestrada do poder mais em razão de seus erros, por gerir o país de forma incompetente e desastrada. Havia dezenas de ações de impeachment, algumas com valores jurídicos razoáveis, outras nem tanto, mais uma foi suficiente para provocar seu impedimento na presidência do país. O processo teve como causa e efeito as pedaladas que originalmente provem de pedais, instrumento que impulsiona aquele aparelho hibrido conhecido como bicicleta e serviu como instrumento legal para pedaladas fiscais termo que se tornou referência às operações orçamentárias. Pelas pedaladas – e se Dilma não soubesse andar de bicicleta como seria? Talvez por caminhadas? – o golpe de Estado concretizado, afirmação clara e convicta de petistas.
Nessa história toda de golpe ou não, um detalhe pouco discutido, quase nada lembrado, envolvendo uma indagação: e se Dilma não fosse tão durona, inflexível, intolerante diante do então presidente da Câmara deputado na época, hoje presidiário Eduardo Cunha?
Há tempos, pedidos de impeachment abarrotavam gavetas do então deputado. Eleição para a presidência da Câmara, reeleição de Cunha. Dilma teve o atrevimento de enfrentá-lo lançando um candidato próprio, do seu partido PT, que foi derrotado fragorosamente. Deu no que deu. Cunha não gostou. Foi reeleito. Desafiado retirou da gaveta o primeiro processo de impeachment. Dilma fora. Vale a pergunta: se Dilma não fosse tão marrenta, se fosse mais condescendente, não provocasse incitando Cunha, tudo estaria bem, talvez não houvesse impeachment? Trata-se é claro de uma simples e hipotética, talvez inexequível dedução, porém no ambiente da política muito plausível.
Outro golpe: protagonista general Getúlio Vargas, em 1930, decretando o fim da Velha República, que foi a primeira e por consequência outorgando, criando o Estado Novo.
Ano 1889, golpe de Estado, esse também político-militar, que proporcionou a promulgação da República, a forma republicana presidencialista de governo o que implicava no término da monarquia constitucional parlamentarista do império. Compêndios narram que a Republica surgiu por um golpe. Até 15 de novembro de 1889, o Brasil como país republicano era uma utopia. No Congresso deputados republicanos eram minoria e assim legalmente, licitamente nenhuma oportunidade do Império transforma-se em República. Mas enfim, o país transformou-se republicano por um golpe, cujo protagonista foi o marechal Deodoro da Fonseca, principal autoridade militar na época, que era monarquista e amigo pessoal do imperador, mas foi convencido pelos conspiradores, mais objetivamente pelos golpistas. Assim pelo golpe surgiu a Republica.
Golpe político-militar também ocorreu não faz muito tempo, no ano 1964. Esse nada contra o Império, mas sim afrontando a República, a liberdade e a democracia. Brasil republicano de golpe em golpe protagonizado principalmente por militares. O país, conforme o exposto, que tem a idiossincrasia golpista, curioso, deseja saber quando acontecerá o próximo golpe.





segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Direita volver...ordinário marche


O Serviço Militar Obrigatório é exigência na forma da lei para ser cumprindo pelo jovem aos 18 anos de idade, consistindo no exercício de atividades especificas desempenhadas nas Forças Armadas (exército, marinha ou aeronáutica). A obrigação a ser executada inicia-se com o alistamento militar. Sucede-se então uma seleção geral (principalmente com exame médico) e quem estivesse apto seria incorporado às fileiras militares. Numa época, anos passados, o jovem torcia para ser reprovado na seleção ou, ia em busca de um “pistolão” (recomendação de uma pessoa influente) para ser dispensando do serviço, por duas razões: uma, atrapalharia a continuidade na vida civil (trabalho, estudo), a outra, odiar a rígida disciplina militar, sentir-se cerceado em sua liberdade.
Hoje, devido a precária situação econômica nacional, o “serviço à Pátria” é desempenhado em sua maioria por voluntários.
Pois bem. Completei 18 anos. Faz tempo. Aprovado na seleção, sem pistolão, fui “servir a pátria”, incorporado ao quartel da Polícia do Exército, conhecida PE, em Porto Alegre, guarnição que tinha a responsabilidade de policiar soldados, atender ocorrências de trânsito com viaturas militares e, eventualmente atender conflitos entre civis.
Dura e disciplinada rotina de caserna. Eu e tantos outros recrutas procediam do interior, o que significava ser chamados de “ratões” (aqueles que vivem diariamente dentro quartel), na verdade no militarismo é ser engajado. Outro termo militar é “soldado arranchado” o que significa alimentar-se no quartel. Como soldado recebia um salário inferior ao mínimo e tinha ainda o desconto devido ao rancho, termo também militar, na verdade alimentação.
A rotina militar começava no interior do alojamento com a alvorada, acordando e ouvindo, o toque de corneta às seis horas da manhã. A partir daí tudo depressinha, tempo cronometrado. O levantar da cama tinha que ser rápido. Arrumá-la, lençol e coberta esticadinhos. Tinha sargento “caxias” (o sargentão super crente em suas funções) que jogava uma moeda sobre as cobertas para verificar se estavam rigorosamente estendidas. Não poderiam enrugarem. Higiene corporal. Pronto. Direção ao pátio para a cotidiana e infalível formatura em pelotões, obedecendo a hierarquia, com tenentes, sargentos, cabos e soldados.
Inúmeras eram as atividades a ser desenvolvidas na rotina militar, entre elas a “ordem unida” que consistia em treinamento as marchas militares e desfiles cívicos, na formação de um conjunto rigorosamente harmonioso, equilibrado e principalmente cadenciado. Existem movimentos com ou sem armas, que tem forma padronizada por uma voz de comando, pelas quais o comandante exprime verbalmente a sua vontade. A ordem unida começa com os soldados perfilados quando acatam o comando de “sentido”. As mãos ficam unidas, espalmadas lateralmente, grudadas poderia assim dizer-se, as pernas. A cabeça firmemente posicionada com o olhar à frente, peito estufado.
Em seguida, tomada a posição de sentido, continência ao comando (dedos da mão direita rigidamente unidos de encontro parte lateral do osso da fronte), obedecendo mais ordens: “Direita volver, ordinário marche”.
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Na Polícia do Exército cheguei a condição de cabo. Se tivesse optado por um engajamento poderia chegar, quem sabe... a patente de capitão, quem sabe... ser presidente.           
                                                        
  


terça-feira, 30 de outubro de 2018

Rinoceronte e chimpazé eleitos


Antigamente, a maneira de votar consistia na utilização de um papel relativamente padronizado pelo qual o eleitor manifestava sua opinião através do sufrágio. O papel oficialmente tratava-se da cédula eleitoral. Impresso estava os nomes para presidentes, governadores e senadores quando o eleitor deveria colocar um X no candidato de sua preferência. Na votação para deputado federal ou estadual o eleitor escrevia o nome do candidato ou o número ou qualquer bobagem. No interior da cabina, onde se exercia o direito do voto havia um impresso com o nome e o número dos candidatos. Feita a escolha, o eleitor depositava a cédula eleitoral na urna postada, resistente, inviolável, lacrada, com mais ou menos 30 cm de diâmetro e aproximadamente 60 cm de altura vigiada por mesários.
Votação encerrada. As urnas são enviadas para escrutínio em local pré-determinado, quase sempre um ginásio de esportes ou o salão paroquial. Em qualquer um desses locais colocavam-se a mesas apuradoras com os mesários designados. O processo de contagem de votos começava pela conferência de informações contidas num boletim.
Nas apurações da época, o papel aquele, oficialmente cédula eleitoral, continha disparates, ofensas, acusações, que se dizia o chamado voto de protesto, tipo assim: “vai trabalhar vagabundo”, “ladrão sem vergonha”. Outras mensagens mais amenas: “salafrário”, “cretino”, “enganador” e outras mais inteligentes como energúmeno.
Época em que as urnas recebiam esse tipo de votos, milhares de votos, num total desrespeito ao civismo, uma afronta ao pleno direito de votar.
Assim, essa galhofa eleitoral permitiu que na eleição municipal de 1959 em São Paulo, que Cacareco - apesar do nome masculino tratava-se de uma fêmea rinoceronte - fosse eleita vereadora com quase bizarros 100 mil votos. Por esse episódio alguém disse: “É preferível eleger um rinoceronte do que um asno”.
Cacareco pertencia ao zoológico do Rio de Janeiro e que foi emprestado ao zoológico de São Paulo e alguém teve a ideia de lança-lo como pretendente a vereança. Sucesso eleitoral absoluto. A “candidata” mais votada foi devolvida ao Rio onde morreu anos depois. Seus restos mortais retornaram à São Paulo ficando em exibição num museu veterinário
Já em 1988 foi lançada a candidatura do chimpanzé Tião, também vivente em jaula do zoológico à prefeitura do Rio de Janeiro. Sua campanha eleitoral foi baseada no direito democrático, a liberdade do “último preso político”. O símio recebeu aproximadamente 400 mil votos, equivalente ao terceiro lugar no resultado final. Tião morreu quase 10 anos depois, aos 34 anos devido a diabetes. Na ocasião foi decretado luto oficial de três dias no município do Rio de Janeiro.
A cédula eleitoral permitia escrever o nome de esdrúxulos candidatos e as urnas democraticamente as recebia.
Tempo de urnas eletrônicas. Não dá mais em votar em Cacareco ou Tião, mas elas, as eletrônicas também democraticamente, recebem votos de aventureiros, patifes, canalhas, desonestos. Acolhe votos, mais de 150 mil, para o boçal ex-ator pornô, ex-viciado em drogas. Somam-se votos de estouvados radicais, aloprados atrapalhados, enganadores boquirrotos. Votam uma gama de indivíduos vivis e militares, votam todos até capitães, menos soldados, proibição constitucional, nesse caso as urnas não são tão democráticas.
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Manifestações públicas, passeatas. O movimento acarreta exacerbado patriotismo até mesmo quando é cantado o hino nacional. Segundo o pensador inglês Samuel Johnson “patriotismo é o último refúgio do canalha”.  







quarta-feira, 24 de outubro de 2018

As primeiras eleições os caciques e currais eleitorais


Por sua história, por herança dos portugueses, o Brasil, podemos afirmar tratar-se de um país politizado, desde os primórdios, ao menos na forma mais adequada exigida na época. Faz tempo, tempo de antanho. Não muito depois do descobrimento de Cabral, mais exatamente em 1532, os habitantes da vila São Vicente (SP) - a primeira vila fundada na colônia portuguesa – protagonizaram a primeira eleição no país quando foram às urnas para elegerem o Conselho Municipal, tratando-se assim como a mais antiga casa legislativa de todo continente americano.
No tempo do Brasil colonial o voto ocorria somente em âmbito municipal, conforme na vila São Vicente, tempo quando não havia partido político (que bom) nem tampouco o voto era secreto (que ruim). A eleição tinha a participação somente dos homens livres, até mesmo analfabetos.
A partir dos anos de 1820, já na fase do Império, podia-se eleger deputados e senadores. Tanto quanto nas eleições do período colonial no imperial as fraudes eleitorais eram frequentes. Podemos imaginar o que ocorria quando o processo eleitoral oferecia facilidades para esquemas ilícitos. O modo de funcionamento do sistema eleitoral não era nada rígido. Havia o voto de procuração quando o eleitor transferia a sua opção de votar para outra pessoa. A fiscalização falha possibilitava o uso do título de eleitor falso.
O processo eleitoral não era tão democrático quanto se exigia. Sim, homens livres podiam votar, mas nem todos. O direito ao voto era permitido tão somente ao cidadão que tinha um mínimo de renda, voto elitizado, o que significava que apenas uma parcela da população tinha direito ao sufrágio. Pobre não votava.
Lá pelo tempo da 1ª República (1889-1930), o processo eleitoral, que consistia na escolha de representantes para os cargos legislativos e executivos, através de uma votação, tinha a configuração de um pleito esquisito, determinado pela estranheza e por motivos nada democráticos. O local escolhido para a votação eram sempre as igrejas onde situavam-se as mesa eleitorais com as urnas. A partir daí ocorre o exotismo, a esquisitice e fundamentalmente a falta do pleno processo democrático. Ao lado daqueles obrigatórios requisitos eleitorais postavam-se indivíduos, quase sempre vinculados à situação, cretinos com objetivos contraproducentes como falsificar atas eleitorais, o que sempre ocasionava contestações, falta de cidadania e civilidade, muita baderna, encrenca em demasia.
Ao seu início o processo eleitoral decorria da seguinte forma: o chefe político local possuía determinada quantidade de cédulas eleitorais (papel usado pelo eleitor para manifestar sua preferência num candidato) para distribuir entre camaradas eleitores, pelo compadrio, por um algum favor recebido, claro com um nome já indicado. Período eleitoral que ficou marcado, conhecido, como o voto de cabresto, mecanismo de acesso a cargos eletivos pela compra de votos com a utilização da máquina pública ou abuso do poder econômico, tipo de voto usual aos chamados “caciques ou coronéis da política”.
A partir de 1930, na era do Estado Novo de Getúlio Vargas, eleições suspensas. A democracia retornou em 1945 e com ela eleições gerais. Em 1964 o período democrático, o pleno uso dos direitos do cidadão é interrompido pela ditadura militar. Fim das eleições gerais. A constituição de 1988, retorno à liberdade, o direito ao voto secreto e universal. Que assim continue a democracia.






Eleição proporcional é injusta


Indiscutível. O processo eleitoral é a prova inequívoca da plena democracia. É a vontade do povo que designa, que determina, por meio de votação a escolha de candidatos para exercerem o poder soberano. Trata-se aqui, mais explicitamente da democracia representativa. A eleição por meio de votação, autêntico e soberano regime político, oferece resultados surpreendentes, inusitados, esdrúxulos, excêntricos, esquisitos, estranhos, injustos, paradoxais, contraditórios, outros até mesmo inexplicáveis. Vejamos:
- Para cargos de deputados a eleição é proporcional, sistema que significa que os votos do o candidato mesmo não eleito serão somados aos demais votos da legenda e então aplica-se o cálculo do quociente eleitoral que é a divisão do número de votos válidos pelo número de vagas a serem preenchidas.
- Por ser assim, pela legislação eleitoral acontecem resultados injustos, estranhos, imerecidos, controversos. Haveria de ser assim simplesmente: quem mais votos obteve estaria eleito, mas não é bem isso.
- O sistema da proporcionalidade evoca um caso histórico. Na eleição de 2010 a candidata Luciano Genro (PSOL) à Câmara Federal, apesar da expressiva votação de 129.501, oitava mais votada no estado e a segunda em Porto Alegre não foi eleita devido ao coeficiente eleitoral.
- No Rio de Janeiro, seu companheiro de partido, na eleição de 2014, Jean Wyllys foi eleito com um pouco mais de 13 mil votos.
- Pelos números, pela soma de votos, nessa eleição, o candidato Pedro Ruas (PSOL) estaria eleito com 53.380 votos. Fez mais votos que outros 44 candidatos eleitos pelo sistema da proporcionalidade.
- A candidata por Farroupilha Fran Somensi (PRB), foi eleita deputada com 15.404 votos obtendo a última vaga para assembleia legislativa. Por essa soma de votos ela ficaria em 111º lugar, no entanto o sistema da proporcionalidade a elegeu.
- Explica-se. O PSOL de Pedro Ruas somou 173.485 votos, enquanto o PRB somou 189.779 votos. Diferença de 16.294 votos proporcionou ao PRB um quociente eleitoral maior.
- O candidato também por Farroupilha, Álvaro Boessio (MDB), somou 20.287 votos. Ficou em 14º lugar no seu partido e 88º no somatório geral.
 - O farroupilhense Beto Maioli somou 3.136 votos ficando 300º lugar no estado. No partido (REDE) ficou em 25º lugar
- Outro farroupilhense Raul Herpich em âmbito estadual posicionou-se no 433º lugar, no partido ficou em 31º lugar
- Surpreendente foi a votação de Marcel Van Hatten (Novo), 32 anos, com a maior votação para deputado federal no RS, 345 mil votos. É do mesmo partido do candidato a presidente, milionário e banqueiro, João Amoêdo. Natural da cidade de Dois Irmãos foi o mais votado também para a Câmara em Farroupilha, 3.684 votos. Obteve também excelente votação em Caxias do Sul, mais de 17 mil votos. Teve apoio do Movimento Brasil Livre (MBL) e suporte maciço do empresariado. Foi distinguido em espaços importantes e invejáveis como palestrante na CIC em Caxias do Sul e CICS Farroupilha.




quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Purezas e impurezas políticas: #ele não


O Estado, como unidade política organizado, necessita de uma autoridade governante, um poder executivo como governo, composto por indivíduos e instituições, que tem sempre uma figura central – presidente, governador, prefeito - que administra uma sociedade, que possui a condução política de uma Nação.
A governança faz parte da ciência política, ou seja, a condição de negociação para compatibilizar interesses. Uma compatibilização política digna exige princípios morais, escrupulosos, honrados, honestos, dignos, decorosos...ou não. Sim, na política valores humanos também não são respeitados. Grassa o que é antiético, propaga-se a desvalia, arrasta-se a falta de caráter, espalha-se o descaramento, não há pudor por desavergonhadas atitudes.
Assim, nessas essas condições de governo, envolvidas por valores humanos, ou não, o filosofo grego Aristóteles definiu que as atitudes conforme descritas podem ser puras - as que tendem ao bem comum - e, as impuras, aquelas em que políticos conduzem os destinos do Estado em benefício próprio.
Não há dúvida que pela falta de ética e moralidade, a política brasileira está contaminada pela impureza.
                                                      *** ***
Decididamente não vejo, não ouço, programas de propaganda eleitoral. Não sou nenhum alienado no sentido de desligamento político. Não me ligo na lengalenga de candidatos, em enjoadas cantilenas, somente bazofias. Trata-se de promessas nunca a ser cumpridas, mentiras desveladas, verdadeiro estelionato eleitoral. Aliás, os programas televisivos e radiofônicos eleitorais estão caindo em desuso, passam a ser algo anacrônico. Fins de pirotecnias, negócio de marqueteiro superado: motivo as redes sociais.
Não necessito de manjadas e monótonas ladainhas porque meu voto é ideológico, de plataforma partidária à minha feição, certamente pertenço a um partido da minoria.
A política nesse país está desvalida, descabida, que tem a liderança de um preso e de um enfermo. Não há princípios ideológicos, predominam interesses pessoais. O poder de qualquer forma, pela mesquinharia, pela falta de respeito, política pela da impureza.
Política da esculhambação estabelecida, das infâmias, de esdrúxulas alianças, bizarras coligações, proporcionadas pelo desrespeito as combinações realizadas por líderes partidários, a desmoralização da fidelidade partidária. Presepadas de políticos canalhas, anarquia eleitoral, perrengues proporcionados, enfim política poluída, adulterada, falsa e contaminada, coisa impura.
                                                     *** ***
#Ele não, de repente pode ser #Ele sim. Bolsonaro presidente. Três diferentes e poderosas bancadas o apoiarão no Congresso: ruralista, da bala e evangélica. Poderá surgir o poder evangélico, católicos se cuidem. Ao invés de Francisco, o patriarcado terá o poder do bispo Macedo. Aliás, dia desses já ocorreu uma mostra do possível novo poder. Na esplanada, em frente ao santuário de Caravaggio uma manifestação pro Bolsonaro desafiadora e abusiva, ou será... que foram próprios católicos enrustidos?
                                                      *** ***
Descortino meu voto. Saio da situação de conforto proporcionada pelo voto secreto e esclareço, assumo, sem medo de ser feliz: voto PSOL.
                                                      *** ***
Faz tempo. Exatos 30 anos. Maravilhosa festa proporcionada pelo jornal: Noite dos Destaques. Entre tantos destaques a música melodiosa e envolvente do conjunto de Norberto Baldauff. Tempo de se dançar juntinho, coladinho, amassadinho, rostos coladinhos. Casais enamorados, muito romantismo, paixão aflorada.






Castigos na escola


Conta-se antigas histórias relacionadas as práticas do castigo, maneira usada para repreender alguém, reprimir comportamento considerado reprovável, indisciplinado, não obediente as regras e regulamentos vigentes. Punições cruéis, desumanas pela maldade, eram usuais naquele período obscurantista, despautérios consumados, perversidades que ocorriam principalmente com alunos em sala de aula.
Delineados pela maldade, o castigo pela palmatória era um deles - objeto em forma de uma colher de pau – que consistia em bater nas mãos dos alunos. O resultado era inclemente, impiedoso, dolorido: as mãos da criança ficavam inchadas, carregadas de hematomas.
Outra forma de punir o aluno fazia-se com uma régua, por exemplo: num teste oral de matemática, na recita da tabuada, cada erro era punido com uma reguada na mão ou nas nádegas.
Dentre tantos castigos escolares outro deles consistia em ordenar a criança ajoelhar sobre grãos de milho. Sofrimento, dor. Sentir a penetração daqueles grão na carne
Não era somente a desordem e a desobediência que eram punidas. Castigado era também o aluno que, por não ser apto no aprendizado, mostrava-se deficiente no ensino, relapso e preguiçoso e ofensivamente se dizia, naquele tempo de antanho trata-se de um “burro”. Era penalizado não de forma violenta, mas humilhante e vergonhosa: o aluno colocado num canto da sala com um “chapéu de burro”, aquele de orelhas grandes, mantinha-se ali, vexado, sendo ridicularizado pelo professor e colegas.
Tenebrosa outrora, de querelas improváveis, abusivas perversidades.
Faz tempo. Muito tempo. Presenciei cenas maldosas não com palmatoria, reguada, grão de milho ou, chapéu de burro, mas pior, a estupidez exteriorizavam-se com pancadas, violentos socos.
Colégio Guabira (nome referente a fruta semelhante a jabuticaba) na rua da Abolição, zona norte do RJ, (hoje nas imediações onde encontra-se o estádio Nilton Santos, o Engenhão) foi o educandário onde cursei o ensino primário. No começo, no jardim da infância conheci a minha inesquecível primeira professora. Mulher jovem e bonita de tez morena, olhos verdes, conjunto de estonteante beleza, de nome Arlete. Segui em frente na mesma escola do primeiro ao quinto ano com a professora Ondina, uma senhora muito afável e competente. Seu marido, chamado de Oscar, um coronel reformado da PM, era o diretor do colégio. Por sua vida militar impunha rígida disciplina, desde o uniforme típico do militarismo até saber cantar o Hino Nacional.
Na turma havia um aluno de nome Arnaud, jamais esquecido pela singularidade do nome e pelos fatos com ele acontecidos.
Arnaud era sobrinho, quase um filho de criação de Oscar e Ondina. Uma, ou outra vez, em que Arnaud cometia um erro era motivo para a prática da violência, com bestial agressividade por parte do coronel Oscar. No meio da sala Arnaud ajoelhado recebia na cabeça socos e tapas para servir de exemplo para cumprimento da disciplina. Todos nós colegas, assustados e temerosos assistiamos aquelas cenas de pavor.
A violência com as crianças ficou no passado. Agora, no presente a agressividade, com força física, ofensas morais, intimidação com ameaças, tem como protagonistas os professores, na inversão contundente de alunos de ontem e professores de hoje.  O professor Thiago dos Santos Conceição foi hostilizado e agredido numa escola em Rio das Ostras (RJ), assim como Thiago inúmeros professores país afora sofrem com a mesma violência.  



segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Gaúcho!!! Por quê?


Existem gentílicos brasileiros curiosos. Há indivíduos designados de maneira estranha, concernente ao local de nascimento. Deveria ser simples assim: sujeito nascido em São Paulo tem por gentílico ser paulista, em Minas Gerais mineiro, no Paraná paranaense e assim por diante com toda a naturalidade. No entanto há gentílicos muitos originais, merecedores de atenção. Exemplos:
Quem nasce na cidade de Salvador, capital baiana, poderia ter como gentílico, por exemplo, salvadorenho ou, coisa parecida. Nada disso. Quem nasce em Salvador é chamado de soteropolitano. Explica-se: Salvador se transforma em Soterópolis que vem de soter (salvador), mais polis (cidade). O nome tem sem sua denominação derivada da cultura grega, do povo heleno: soter e polis. Para não complicar pode se chamar o baiano nascido em Salvador de salvadorense.
Nascido na cidade do Rio de Janeiro teria naturalmente como gentílico rio de janeirense como rio-grandense. Nada disso. Nascido na cidade do Rio de Janeiro é ser carioca que vem do tupi e significa “casa de branco”. Perguntar é permitido. Será que já existia índio preconceituoso, racista?
Importante registrar uma diferença. Nascido no estado do Rio de Janeiro é fluminense, que vem do latim “flumine” mais o sufixo “ense” (natural).
O gentílico do nascido no Rio Grande do Norte naturalmente deveria ser norte-rio-grandense, no entanto é conhecido como potiguar. Potiguar era o nome de uma nação índia que povoava a região litorânea do estado.
Nascido no Rio Grande do Sul teria como gentílico rio-grandense-do-sul. Deveria ser, não é. É ser gaúcho e por quê? Todos os indivíduos que tem como atividade principal a pecuária em campos naturais, do bioma denominado pampa, da região abrangente pelos rios que desembocam no estuário do Rio da Prata, do sul da América do Sul em países como Argentina, Uruguaia e o estado do Rio Grande do Sul. É um povo descendente de uma mistura heterogênea de europeus, índios e africanos. Ser gaúcho designava as pessoas de hábitos nômades, brancos miseráveis, índios aculturados sem terra, escravos fugidos em busca de proteção. Foi a partir dessa simbolização, que foi usada pejorativamente para denominar os habitantes do Rio Grande do Sul na época dos imperialistas durante a Guerra Farroupilha, que tinha como objetivo  menosprezá-los. No entanto, depois da proclamação da República o gentílico gaúcho passou a ser usado com muito orgulho por todos os rio-grandenses-do-sul.
Puristas dos gentílicos afirmam que está redondamente errado a pretensão da população do Rio Grande do Sul em chamar-se de gaúcha. Nascidos no estado de Santa Catarina são catarinenses, os nascidos em Pernambuco são pernambucanos. Quem nasce no estado Rio Grande do Sul é rio-grandense–do–sul. Explicam: nunca gaúcho, não existe estado gaúcho. Na verdade não existe preconceito com a gauchada. Os puristas não aceitam gentílicos como capixabas nascidos no Espirito Santo, xavantes originários do Mato Grosso.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A facada no capitão Bolsonaro: quem procura acha


Estado do Acre tem o poder e o domínio político comandado pelo o PT. Tem o maior número de filiados e em diversos pleitos eleitorais elege governadores e senadores. O Acre é o estado natal do ativista político e ambientalista falecido Chico Mendes, ligado ao PT. Foi lá que também nasceu Marina Silva, que foi senadora pelo PT.
Dias desses, esteve por lá o capitão Bolsonaro fazendo campanha política como candidato à presidência da República. Sentiu-se em terra estranha, em lugar incomum, esquisito, ele, líder da ideologia política da extrema direita, se encontrava em território petista. Provavelmente por essa situação, pelo sentimento de profunda aversão política, radicalmente contrário a ideologia de esquerda, aflorou ao capitão, intenso rancor, forte ressentimento. No seu desígnio oratório, com seu comportamento histriônico, empunhando um tripé como se fosse uma metralhadora, discursou com execrável, abominável repugnância, características demonstradas pela face rígida, o rosto transfigurado, os movimentos tensos. Foi dito pelo candidato: “Vamos fuzilar a petralhada, vamos botar esses picaretas pra correr do Acre. Já que eles gostam da Venezuela, essa turma tem que ir pra lá. Só que lá não tem mortadela e aí galera vão ter que comer é capim mesmo”. Essa fúria tempestuosa demonstrada com a tentativa de agredir alguém, coincidentemente ocorreu na real dias depois com aquele mesmo candidato. Por um capricho do destino foi atingido por uma facada de um desafeto incentivado também por emoção odiosa, pelo sentimento de raiva que nem lá no Acre.
Carregado nos ombros por correligionários o candidato se tornou alvo fácil para a agressão. Poderia ter sido atingido com maior facilidade por um tiro de revolver partido de qualquer janela de algum prédio vizinho. Possuir uma arma é o direito incontestável do cidadão para defender-se da violência para que ele mesmo faça justiça, afirma o capitão. Paradoxalmente uma arma na mão de um radical elemento poderia tê-lo matado. Por suas atitudes, por seus conceitos, pela forma que se expressa com palavras ofensivas e exacerbadas afronta adversários políticos. Com sua violência verbal humilha todos aqueles que são contra suas soluções violentas. Sua linguagem insultuosa atinge determinada parte da sociedade, as minorias, os índios indolentes, os negros preguiçosos e malandros, as pessoas ligadas ao movimento LGBT, gera contra Bolsonaro forte repulsa por parte do cidadão comum.
O capitão tem consigo muitos ressentimentos, não respeita a diversidade, não reconhece os direitos das pessoas contrárias aos seus conceitos. Não aceita a pluralidade, não atura o dissenso. Para ele na maioria das questões peremptoriamente não há acordo, prevalece sua opinião.   
Temos que compreender que uma vítima é sempre uma vítima, não se pode desconhecer, mesmo sendo ela o capitão Bolsonaro, muito embora a pessoa sofra os resultados infelizes por seus próprios atos.
Não se sabe o que pode resultar em termos da campanha política com o objetivo da presidência do país. Desconhece-se o que pode ocorrer pela patética comoção emocional ocorrida. Capitão Bolsonaro pode se tornar um mártir da pátria, uma vítima da intolerância que ele pratica.


  

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Museu Nacional, conheci. Tem gente que jamais conhecerá


Imagina-se que o carioca, que vive ali, vizinho, é um assíduo frequentador dos dois pontos turísticos famosos internacionalmente, aquelas belas paisagens contidas em cartões postais: Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Engano. Segundo pesquisa realizada por alunos e professores de turismo, mostra que grande maioria dos cariocas nunca visitou ao menos um, de um dos dois pontos turísticos famosos de sua terra. Parece estranho que belíssimos locais, muito apreciados dos que vem de fora, não despertem interesse dos cariocas. Qual o motivo? Talvez por estar ali lado a lado, na planície, olhando para o alto os encantados morros corriqueiramente, desdenhem todo aquele esplendor. Quem sabe nunca lhes ocorressem o desejo de uma visita, simplesmente por falta de oportunidade.
Pois bem. Talvez eu poderia ser parte dessa maioria de cariocas. Conheci os dois mais conhecidos pontos turísticos do Rio de Janeiro quase fortuitamente. Estive por lá três ou quatro vezes, isso ocorrido em razão de parentes e conhecidos solicitarem em acompanhá-los e assim aconteceu. Se cariocas não conhecem aqueles dois pontos turísticos fascinantes e encantadores o que dizer de outros menos conhecidos. Muitos deles conheci sem precisar subir morros, andar de trenzinhos.
No Teatro Municipal, o majestoso prédio na avenida Rio Branco, pertinho do bar Amarelinho, na Cinelândia, do mezanino, assisti o primeiro espetáculo teatral e por ter sido o primeiro nunca mais esquecido: Carmem, opera de Bizet.
Defronte ao teatro, na mesma avenida, a imponente Biblioteca Nacional. Por lá andei percorrendo alguns de seus corredores de silêncio sepulcral, em meio àquela colossal fonte do saber.
A Quinta da Boa Vista é um espetacular e monumental parque localizado no bairro de São Cristóvão, zona norte do RJ, constituindo um imenso complexo paisagístico e importante preservação ambiental. Nos fundos da Quinta, num parque intensamente arborizado encontra-se o maior e mais antigo zoológico do país. A entrada é por um monumental portão de bronze. A partir dele caminha-se por alamedas margeadas de palmeiras imperiais. Percorre-se caminhos e em sua volta centenas de animais. Também no interior da Quinta da Boa Vista o suntuoso Museu Nacional. O então palácio imperial de São Cristóvão serviu de residência para a família real portuguesa de Dom João VI (fugido de Portugal, dos ingleses), abrigou a família imperial brasileira (Dom Pedro I e Dom Pedro II).
Quem o conheceu, quem o viu, não o verá mais. Conheci. Uma excursão de estudantes. A turma por lá andou percorrendo três amplos andares da construção, observando extasiada relíquias expostas, caminhando sobre o piso, o mesmo piso em que andavam personagens das família real e imperial. No primeiro andar, nos informa o guia, estava destinado a todos os serviços e primeiras recepções. No segundo, local oficial de recepções, compartimentos para faustosas refeições. No terceiro andar, dormitórios, aposentos, área exclusiva da família.
Foram aproximadamente duas horas em frequentar um local de proporções de um colosso histórico. Narrei no pretérito, pelos muitos anos passados quando conheci o Museu Nacional. Posso ter narrado sobre um museu que não é mais do presente, que jamais terá futuro, ficará no passado soterrado entre escombros.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

As mulheres devem ser submissas aos homens


O começo de tudo, a criação do universo está no primeiro livro da Bíblia chamado de Gênesis. Numa passagem o livro diz: “E da costela que tinha tomado do homem, o senhor Deus fez uma mulher”. A costela que poderia ser um pedaço, uma parte, era de Adão, que serviu para criar Eva.
De toda forma se entende que esse algo – pedaço, parte - como toda costela se encontra sob a carne, por conta disso Deus fez uma abertura, assim que nem uma cirurgia, ocorrida enquanto Adão dormia.
Portanto, durante o sono de Adão uma costela foi retirada e criou-se Eva.
Com referência a esse traslado - a costela servindo à criação feminina -, para o mundo machista trata-se do paradigma da desigualdade de gêneros, conceituando desde aqueles primórdios a superioridade dos homens, a submissão das mulheres. Formou-se assim a cultura patriarcal na vida das mulheres. Desde uma eternidade de tempo as mulheres desiguais e discriminadas.
Os tempos são outros. O pragmatismo do começo de tudo, da Eva formando-se pela costela de Adão é um histórico anacrônico do tempo de antanho. A mulher do passado subestimada em tempo presente reage, busca a igualdade de gênero. O movimento denominado Feminismo é a prova da busca da mulher ao seu devido lugar na sociedade, direitos equânimes. A garantia que elas possam estar cientes sobre a liberdade de seus direitos com a total igualdade entre gêneros, enfim, o empoderamento feminino. A liberdade da mulher, a obtenção de seus direitos na sociedade foi crescente e exponencial. A luta pela conquista de seus direitos é antiga. O movimento igualitário feminino remonta à Revolução Francesa quando, lastimavelmente,  nada foi conseguido para derrubar as desigualdades entre homens e mulheres. Ao final do século XIX e início do século XX através de movimentos das mulheres americanas com reinvindicações ganharam força, as greves por melhores condições de vida e trabalho, o direito ao voto. A partir dessa mobilidade enérgica foi criado o Dia Internacional da Mulher. No Brasil o primeiro grande direito conquistado pelas brasileiras foi o direito de votar depois de intensa campanha nacional que aconteceu em 1932, por meio de um decreto de Getúlio Vargas. Mulheres continuam buscando respeito. A violência contra a mulher transformou-se em crime hediondo, feminicidio.
Entretanto de forma lamentável, irremediavelmente e eternamente, a mulher fica com a pecha de inferioridade diante da superioridade do homem, consagração em escritura no alfarrábio sagrado da Bíblia.
Domingo dia 26 de agosto. Celebração da Santa Missa. Pela liturgia o momento da leitura do evangelho pelo padre celebrante. Naquele domingo a leitura da epístola aos efésios, concernentes aos deveres recíprocos dos esposos. Diz textualmente.
“As mulheres sejam submissas a seus maridos como o Senhor, pois o marido é o chefe da mulher como Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo, da ele é o Salvador. Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos”

 

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Os políticos e a eleição


O poder em sua forma conceitual, de modo contextual, de maneira efetiva é o direito que tem uma pessoa com a faculdade da posse e domínio em deliberar, agir, exercer a autoridade adquirida democraticamente por uma influência normal, ou imposta pelo autoritarismo, pela força. É ter o controle de uma coisa sobre a outra, o domínio de situações diversas.
O poder pela definição sociológica é a habilidade exercida com liberdade, pela vontade de alguém sobre outrem. É ubíquo, onipresente em todas as atividade humanas. O poder é desejado ardentemente, atraente, perigoso, unilateral. A volúpia pelo poder corrompe, contamina. Transforma personalidades, altera o psiquismo daqueles que insistentemente o persegue.
Pelo poder destaca-se o poder político, o anseio, a motivação de candidatos, através da eleição alcançar o poder público. Para conseguir o objetivo vale tudo.
O candidato é eleito, o almejado poder é obtido pela preferência, pelo voto do eleitor que logo ali eleito é desrespeitado. O programa partidário proposto, a plataforma política prometida, as realizações em diversos setores da sociedade esquecidos, tudo mentira.
O cidadão dedica seu voto pela competência do candidato, pela lealdade a ser cumprida, pela autenticidade em seus atos, pela habilidade demonstrada, enfim por uma série de atributos merecedores de um voto. Voto conseguido e enganado. Falsas promessas, mentira nos discursos durante a campanha política, uma série de qualidades enganadoras. O dito competente, leal e honrado candidato não dá importância ao prometido, esquece facilmente tudo, desilude as esperanças do eleitor. No auge da ganância pelo poder político, em busca de votos vale tudo, os predicados atribuídos são inverdades. Eleito, a máscara da face caiu. A face mostrada agora é de alguém desprestigiado, desvirtuado, definido como ardiloso, enganador, embusteiro, farsante.
A enganação não ocorre somente com o eleitor. Tem outros alcances.
Até mesmo os sustentáculos que servem de fundamento, os baluartes que são a de essência para objetivos traçados por plataformas de partidos políticos, bases de qualquer agremiação em desenvolver seus planos políticos, desrespeitada. Políticos, por interesses pessoais, pensando no poder não assumem o comprometimento ideológico, nada significa. A convicção de determinada ideia política é destratada, o que vale unicamente é realização de seus propósitos, o alcance do poder. O partido é exclusivamente a passagem para a satisfação particular.
Por conta disso absurdas coligações partidárias ocorrem. Liberais juntam-se aos reacionários conservadores. Estapafúrdias alianças da turma da direita com a esquerda. Nessa azafama pelo poder, esse deletério destrói convicções. Essas coisas fora do comum, extravagante, excêntrica faz o eleitor de bobo. Eleição chegando, a escolha de um candidato. Momento de reflexão, o voto consciente para não ser enganado. Lembra-se em que votou na última eleição? Se o nome vier a lembrança e nada realizou do prometido esqueça, renegue seu voto.
O eleitor deve fazer uma busca, pesquisar, encontrar o candidato a partir de um primeiro momento: saber se ele não está envolvido em corrupção, em falcatruas. Na Câmara de Deputados e no Senado existe um lista com nomes que respondem a inquéritos, submetidos a investigações.
Entre esses todos, um está descartado. Preso e cassado Paulo Maluff já não é candidato nem a sindico de condomínio, a coisa nenhuma.

 


quarta-feira, 22 de agosto de 2018

GRENDENE & OLIVETTO "Direto de Washington"


O retrato na capa do livro denota a fisionomia de alguém prepotente, vaidoso, pedante... pode ser. A foto em “close up” é capaz de revelar em detalhes o rosto de um arrogante lorde inglês, ou em primeiro plano a figura de um esnobe comendador italiano. Talvez o retrato possa atribuir a personalidade de uma, até duas, personagens sugeridas, ou nenhuma delas. Na verdade o retrato da capa do livro nem é de nenhum lorde ou comendador, é do seu autor, o publicitário Washington Olivetto. Por ser quem é Olivetto, a fotografia é produto da arte de um dos mais famosos fotógrafos do mundo, Sebastião Salgado. O livro, “Direto de Washington”, afirma-se como autobiografia, na realidade trata-se de uma autolouvação, exagerada autoestima, que vangloria as conquistas de prêmios internacionais obtidos e palestras de sucessos. Sobremaneira a autonarração chega aos píncaros da megalomania por parte do mais famoso publicitário brasileiro. Por tudo isso, o livro de 400 páginas, em alguns momentos de sua leitura torna-se monótona ao referenciar vaidades, desinteressante por repetir acontecimentos.
Olivetto, dono da maior empresa publicitária do país, W/Brasil, entre seus clientes tinha a Grendene. Parte do livro é interessante aos habitantes da aldeia por envolver a empresa farroupilhense em dois casos pitorescos contados de forma resumida.
No primeiro trata-se do comercial do sapato 752, sapato popular, da Vulcabras, com a participação de Paulo Maluf. Certa ocasião Maluf convidou Olivetto para visitá-lo. De antemão avisou ao anfitrião que não realizava campanhas políticas, assim mesmo foi até a cada de Maluf. Foi quando inesperadamente surgiu a ideia do comercial. Deduziu Olivetto que político atrás de voto tem que andar muito. A mensagem publicitária agradou Maluf que ganharia mídia de graça na televisão. O segundo passo acertar com Pedro Grendene, que tinha acabado de comprar a Vulcabras, realizar o acerto para o comercial, o que aconteceu, sucesso absoluto.  Passado algum tempo Pedro sugeriu então que se fizesse outro comercial com a participação de Leonel Brizola e Olivetto raciocinou: “Ideia ótima, fizemos o pé direito e agora vamos fazer o pé esquerdo”.
Segundo caso, ainda contado por Olivetto. As sandálias Rider vendia milhões de pares por mês aos brasileiros, produto calçado por trabalhadores, pelo povão em geral e também por ricos frequentadores do Club Athletico Paulistano. O Brasil inteiro usava Rider, exceto no Rio de Janeiro, que tratava a sandália como brega. Para reverter essa imagem Olivetto e sua equipe tiveram a surpreendente e esquisita ideia de fazer uma festa no porta-aviões Minas Gerais. Conta o publicitário que não teve nenhuma dificuldade em convencer os irmãos Alexandre e Pedro Grendene para a realização do evento, o que aconteceu. A festa no porta-aviões terminou somente as cinco horas e no livro, no primeiro capítulo, são contados detalhes curiosos, engraçados, de irreverência total na festa de muita gente famosa, de muita comida e bebida. Conforme menciona Olivetto, a festividade alcançou seus objetivos ao ter sido o grande destaque da mídia naquele ano, atingindo o público formador de opinião do Rio de Janeiro. Dessa forma o chinelo Rider deixou de ser algo brega e aumentou consideravelmente suas vendas em terras cariocas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Dia dos Pais. Meu também

Reminiscências. Relembranças. Tudo o que se pode manter na memória, fatos que se tornam inesquecíveis, recordações que podem ser associadas as evocações de um feito, de uma coisa qualquer, mas sempre de relevante importância. A memória recuperada acerca de acontecimentos ocorridos, a busca, o resgate de um passado, a admiração por aspectos marcantes acontecidos, a sensação de saudade representada por momentos nostálgicos, melancólicos, mas porque não, em maioria: momentos de exultação, contentamento, alegria.
Reminiscências. Relembranças. Minha mulher, senhora do meu destino, esposa amada, dileta mãe dos meus filhos é perfeitamente organizada. Sua formação superior, graduada em ciências, matemática e física é um natural indicativo, exigência das ciências exatas. Documentos devidamente guardados em pastas. Uma agenda onde são registrados compromissos do dia e futuros. O espaço, em minha residência é ocupado por uma saleta, serventia de escritório com duas escrivaninhas, dois computadores, uma impressora e no alto duas prateleiras, um capricho religioso, 41 figuras de São Francisco de Assis, dispostas ordenadamente - devoção de minha mulher - desde uma estatueta de quase 50 centímetros de altura até uma efigie representada num palito de fosforo, involucrada por pequena proteção de vidro.
Sim. Duas escrivaninhas, cada uma com três gavetas. Uma delas devidamente arrumada, até com detalhe: tampa do computar fechada. A outra, aquela que me pertence, sem comentários.
Assim é. Documentos, papeis importantes, utensílios, devidamente ordenados, arrumados, dispostos em ordem. Além dessa sistematização exigida pela vida moderna, pelas coisas práticas, minha mulher organiza-se também no aspecto afetivo, nos sentimentos de afeição familiar, o amor, a profunda estima. Ela tem guardados álbuns de fotografias, porta-retratos, cartas, enfim objetos rememorizando alegres e saudosos momentos. Entre essas coisas históricas familiares e sentimentais arquivadas, coincidentemente pela data Dia dos Pais, encontro uma mensagem da pequena Carolina, minha filha, hoje mulher, mãe de Cecilia. Trata-se de uma mensagem pelo Dia dos Pais, tipo de um livrinho em papel ofício recortado, (tamanho 15x20 cm), seis folhas devidamente grampeadas. A capa, pintada em cor rosa, escrita com letras maiúsculas PAPAI.  Sucedem-se folhas com diversos textos, mensagens carinhosas:  a primeira, “para você um pouquinho de mim. Olha eu aqui”. Esse “olha eu aqui” é um autorretrato em forma de desenho. Na segunda, o desenho de sua uma mão, escrito “olha a minha mãozinha. Já sei até escrever com ela”. Segue a terceira folha, o texto: “então, resolvi escrever uma frase bem bonita para você... Pai, oi tudo bem? Eu tenho um presente para te dar. Olha, é esse livrinho. Você gostou? Carolina”. Na quarta, colado na folha, fios de cabelo e a pergunta: “lembra do meu cabelo?”. Enfim, encerrando, “e para mostrar minha gratidão, um beijo em seu coração”. Há um desenho do coração, cor-de-rosa, uma mensagem amorosa: “pai, eu te amo”. Data: um Dia dos Pais, Carolina tinha sete anos. Toda essa lembrança graças a Neiva Teresinha, a organizada

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Evandro Teixeira: o fotografo

Recentemente, quando da realização XXX Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco, em Caxias do Sul, a grande atração no evento foi a presença do renomado, aclamado profissional do fotojornalismo Evandro Teixeira. Suas fotos retratam fielmente obscuros e medonhos momentos de um passado ditatorial, dos princípios constitucionais violentados, endemoninhados. Fotos destacam a realidade, a veracidade daquela atroz época violenta, da intimidação pelas armas, tudo registrado pela câmera fotográfica de Evandro Teixeira. Uma destaca-se entre tantas outras, símbolo da perseguição à liberdade, a repressão aos direitos do cidadão em se expressar. Em plena avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, a foto registra policiais armados com cassetetes perseguindo, em intensa corrida, colocando em polvorosa jovens estudantes.
Autor de cinco livros é a comprovação do excelente profissional que é Evandro Teixeira, com a magia, a criatividade da arte da fotografia.

Golpe militar: 54 anos para esquecer

Um dia desses, de posse do controle remoto, encontro interessante programação no canal por assinatura Curta. Trata-se de um documentário que retrata os anos da ditadura militar no país, os trágicos acontecimentos, os fatos dramáticos de um período de autoritarismo, proporcionados por um golpe militar, de drásticas ocorrências, lamentavelmente impossíveis de ser esquecidas, registros de uma abjeta época nos anais da história brasileira: 54 anos atrás.
Sequências de cenas mostram a trajetória política do absurdo, de uma época com perseguições políticas, sequestros, torturas e assassinatos, o cotidiano dos anos de chumbo, como era chamado aquele período.
Para se chegar ao tempo da tirania, da opressão contra direitos democráticos, há necessidade de retroagir-se no tempo, recorrer ao passado: ano de 1961.
Com a renúncia do presidente Jânio QuadrUm dia desses, de posse do controle remoto, encontro interessante programação no canal por assinatura Curta. Trata-se de um documentário que retrata os anos da ditadura militar no país, os trágicos acontecimentos, os fatos dramáticos de um período de autoritarismo, proporcionados por um golpe militar, de drásticas ocorrências, lamentavelmente impossíveis de ser esquecidas, registros de uma abjeta época nos anais da história brasileira: 54 anos atrás.
Sequências de cenas mostram a trajetória política do absurdo, de uma época com perseguições políticas, sequestros, torturas e assassinatos, o cotidiano dos anos de chumbo, como era chamado aquele período.
Para se chegar ao tempo da tirania, da opressão contra direitos democráticos, há necessidade de retroagir-se no tempo, recorrer ao passado: ano de 1961.
Com a renúncia do presidente Jânio Quadros assume a presidência seu vice João Goulart, ambos legitimamente e democraticamente eleitos pela vontade do povo, desejo comprovado pelo voto popular. Com sérias desconfianças sobre a trajetória política do novo governo, com alegação de uma possível e ameaçadora hipótese da instalação de um regime comunista no país, com a suspeição de uma ameaça à segurança nacional, militares, políticos conservadores, o poder econômico, as elites dominantes, buscaram a união, alternativas na tentativa de evitar a posse democrática do novo governo. Nada ocorreu contra a democracia. Forças populares asseguraram a posse de João Goulart. Seu governo tentou transformar seu discurso progressista em ações com as reformas de base como a política, a agraria, entre tantas outras. Decididamente a ideologia à esquerda incitou o inconformismo, a rebeldia da classe burguesa. De outra forma havia a resistência da classe operária, destudantes, da massas populares contra a possível supressão dos direitos constitucionais, a liberdade suprimida. Todo esse temor aconteceu três anos mais tarde. Governo legitimo destituído por um golpe militar, o poder soberano e democrático usurpado. Foram mais de 20 anos de ditadura, de direitos democráticos violados, a predominância tirânica, o abuso do poder autoritário. O documentário revela com todos os detalhes essa trágica história brasileira
Tempo decorrido para ficar no esquecimento.

domingo, 29 de julho de 2018

Czares: O Terrível e O grande


A Copa do Mundo na Rússia, intrínseca a própria competição futebolística, inerente a grandiosidade do espetáculo esportivo, além disso, proporcionou o oportuno de conhecer a envolvente, brilhante, fabulosa e antiquíssima história do povo russo desde remotos períodos, desde suas longínquas origens, historiando a civilização russa em muitos séculos. Os anais russos descrevem momentos diversos históricos como a magnificência imperial de uma época: a suntuosidade, a força, o poder do Império Russo um dos maiores do mundo por sua extensão territorial, o mais temeroso pelo sistema de governo da Monarquia Absoluta. Tempo dos czares e porque não das czarinas, entre as principais e com maior renome Catarina I, Catarina II, Ana da Rússia, Isabel I. Apesar de todo absolutismo, do autoritarismo não havia preconceitos proporcionado pelo machismo: a tirania era masculina, ora feminina.
No longo período imperial dos déspotas russos destacam-se reis pela insanidade e a ira assassina, entre eles Ivan, o Terrível. A alcunha derivou-se pelas atrocidades por ele realizadas, pela perversidade revelada em surtos criminosos. Entre tantos acessos de raiva matou o próprio filho a cacetadas. Mandava torturar e assassinar inimigos, matou a mulher e o filho de um amigo. Apesar tanta maldade, Ivan era religioso e piedoso: listava os nomes dos mortos para que os sacerdotes rezassem por eles. Construiu a magnificente catedral de São Basilico e o czar a achou tão linda e majestosa e em razão de sua euforia mandou cegar os executores da obra para que jamais erguesse nada igual.
Pedro, o Grande, após uma de suas viagens ficou impressionado com a sofisticação de nobres europeus, com os hábitos ocidentais, que usavam perucas empoadas e barbeavam os rostos. A aristocracia russa usava grossa túnicas e longas barbas. A decisão de Pedro: todos os nobres deveriam se barbear e usar roupas europeias. Todos obedeceram. Sabiam que o seu monarca era capaz de decepar cabeças dos desobedientes.
No período dos czares, da falta de liberdade absoluta, por esse motivo e com a industrialização, o povo se insurgiu e surgiu a Revolução Russa e com ela uma mudança radical de governo proporcionada por grupos políticos como os bolcheviques e mencheviques. No entanto, num período mais tarde toda a liberdade foi contida pela era déspota do stalinismo.
Rússia de estupenda história, de um passado resplandecente. O pretérito de um personagem famoso como Rasputin, um místico amalucado. A Rússia comunista de Bréjnev, Stalin. Da nova Rússia a partir de Gorbachev, das origens da tecnologia espacial com Yury Garain.  
Rússia da Praça Vermelha, de cultura tão impressionante, fascinante. De escritores famosos, de renome: Pushkin, Dostoievski, Tolstoi, Gorki. Livros festejados em todo mundo como Crime e Castigo, Guerra e Paz, Doutor Jivago, A Filha do Capitão. Na música as valiosas, majestosas e inesquecíveis composições de maestros como Tcaikovsky, Korsakov, Rachmaninoff entre tantos. Rússia de um repertorio intenso e magnifico da dança, dos balés como o Lago dos Cisnes, o Quebra Nozes, a Bela Adormecida, Romeu e Julieta.
Rússia da Copa do Mundo, de seu deslumbrante processo histórico, personagens e fatos fascinantes, reminiscências arrebatadoras.  
  
     

Sofria Croácia: vice-campeã do mundo


Era uma vez um país chamado Iugoslávia, república comunista existente até 1992, constituído pela união de outras seis repúblicas: Sérvia com as regiões de Kosovo e Voivodina e mais Croácia, Montenegro, Eslovênia, Bósnia e Herzegovina e Macedônia (imaginem essas repúblicas unidas, como Iugoslavia, que excelente seleção formariam). Todas essas repúblicas, no passar do tempo, começaram a demonstrar desejo maior de autonomia, o fim do partido único comunista, a instalação de plena democracia, a independência total, o que acabou ocorrendo com todas elas, destaque para a Croácia. Em 1991, instaura-se o processo separatista. Os croatas por meio de um plebiscito, com quase maioria absoluta, declararam-se independentes. No entanto nada foi tranquilo com essa conquista. Logo após a vitória do movimento separatista o território croata foi invadido pelo exército federal iugoslavo que tinha o domínio sérvio intervindo em favor das minoria sérvia residente na Croácia (aproximadamente 10% da população). A intervenção ocasionou violentos e sangrentos conflitos entre croatas e sérvios pela ocupação do território croata pelas milícias sérvias. Depois de muita luta, de sofridos embates, da morte de milhares de croatas, a Croácia obteve sua independência. Quem passou por toda essa desventura, os malefícios da desvairada guerra pela independência, com tumultuada e conflituosa infância foi o capitão da equipe croata Luka Modric, escolhido o Bola de Ouro, o melhor jogador da Copa do Mundo, Modric campeão por quatro vezes da Liga dos Campeões com o Real Madrid      
      



Allons enfants de la Patrie


A Marselhesa foi composta como canção revolucionária, adquirindo enorme popularidade e sucesso, utilizada pelos revolucionários durante a Revolução Francesa, exaltando os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Mais tarde foi transformada em hino nacional da França, considerado como o mais famoso e conhecido mundialmente. Sua musicalidade é considerada emocional. Seus acordes denotam sensibilidade numa perfeita combinação de ritmos fortes, um encadeamento de notas harmoniosas, melodia extremamente bela. Graficamente em suas partituras transmite amor, patriotismo, júbilo, confiança. Marselhesa é um cântico que provoca, estimula emoções, louvor a pátria e aos heróis. Toda a beleza musical não correspondente a composição poética do hino. A letra é agressiva, sanguinária, trágica:
“Ouvis nos campos rugir esses ferozes soldados? Vem eles...degolar vossos filhos e vossas mulheres”
Ficamos com a parte inicial do hino: “Allons enfants de la Patrie, le jour de gloire est arrive” (Avante filhos da Pátria, o dia da glória chegou). Assim cantaram os franceses no domingo dia 15: França campeã do mundo.
Mereceu. Time taticamente organizado em campo, tecnicamente com jogadores de excelente categoria. Uma equipe que tem atacantes como Mbappé e Griezmann e o melhor setor de meio de campo do campeonato com Pogba, Kanté e Matuidi (Paulinho e Fernandinho, esquece) justificaram a conquista da Copa do Mundo.
O vice-campeonato ficou com a Croácia uma pequena nação com uma população de aproximadamente 4.400 milhões habitantes, ocupando uma extensão territorial de 56.538 km² (comparando, o Rio Grande do Sul tem um população estimada em 11.200 milhões, ocupando uma área territorial de um pouco mais de 281 mil km²), grandiosa honraria para uma nação sofrida surgida a pouco mais de 20 anos. O povo croata mereceu o vice-campeonato.